Empreendedorismo

O Propósito do Empreendedorismo

Identifique problemas reais, alinhe suas habilidades e paixões e crie soluções que gerem impacto coletivo.

Alice Cereser 5 minutos de leitura

“Em fevereiro de 2016, eu peguei um avião e fui parar no Parque de Anavilhanas, que é uma reserva nacional dentro da Floresta Amazônica.

Só é possível acessar esse parque de duas formas: de hidroavião, que são aqueles aviõezinhos que decolam e pousam na água, ou por terra, através de uma estrada de chão batido, em que tu faz uma viagem de quatro horas partindo de Manaus.

Então dá para dizer que o Parque de Anavilhanas é o máximo da Floresta Amazônica que uma pessoa comum consegue acessar.

Foi lá que eu tive uma das maiores lições sobre a vida, sobre o papel do ser humano na sociedade e sobre o empreendedorismo.”

Esse é o início de uma história de Rodrigo Beirão, CEO da Soviero Software Studio. Acompanhe até o final e entenda a importância de resolver problemas reais e como a combinação das suas habilidades, dos seus gostos e do seu conhecimento pode te levar ao sucesso no empreendedorismo.

“Durante uma trilha que eu fazia, acompanhado por um nativo local, estávamos literalmente dentro da mata fechada. Era aquele ponto da floresta em que não se consegue ver o céu, pois a copa das árvores cobre completamente a visão para cima.

Em determinado momento da trilha, nosso guia chamou nossa atenção para uma árvore gigantesca que havia caído e estava morta no meio da floresta. Ele explicou que essa árvore tinha sido atacada por cupins, que consumiram toda a madeira da base, fazendo com que ela desabasse e morresse.

Nesse momento, a primeira reação foi pensar: "Que pena para a árvore, né? E que sacanagem dos cupins."

A primeira reação foi questionar se haveria uma maneira de evitar que os cupins destruíssem uma árvore tão imponente.

Porém, o guia explicou que o ataque dos cupins não era algo acidental, muito menos algo ruim. Na verdade, era exatamente o contrário.

Ele contou que, ao cair, a árvore abria uma clareira na copa da floresta, permitindo que a luz do sol penetrasse. Com essa abertura e a entrada de luz, uma nova espécie de árvore poderia crescer, realizar fotossíntese e se desenvolver.

Assim, foi graças à ação dos cupins que a biodiversidade necessária para manter o ecossistema da floresta continuava existindo.

Ou seja, os cupins não estavam causando um problema, mas sim desempenhando um papel fundamental para a natureza e o equilíbrio do coletivo.

Talvez não fosse algo positivo para aquela árvore específica, mas, no seu próprio ritmo, os cupins cumpriam uma função essencial para a manutenção da vida.”

Esse pode parecer um simples relato de uma viagem, mas podemos extrair algo muito valioso daqui.

O cupim, um ser que à primeira vista parece insignificante, na realidade, desempenha um papel essencial. Por menor que seja, sua função é indispensável para o equilíbrio da natureza.

O documentário One Strange Rock apresentado pelo Will Smith mostra justamente o quanto, em todo o mundo, todas as coisas estão interconectadas.

Ele cita, por exemplo, o fato da areia do Deserto do Saara, rica em fósforo, ser levada pelos ventos até a Floresta Amazônica e ali ser distribuída, agindo como fertilizante natural.

Na vida, no ecossistema e na sociedade humana, cada pequena coisa, cada entidade tem o seu papel. E não importa o quão insignificante esse papel pareça ele é essencial para a existência do todo.

Na natureza, cada ser tem um papel definido com base em suas características. Nós temos o privilégio de escolher como contribuir.

A definição do empreendedorismo é justamente se conectar com essa realidade.

A pessoa que empreende, antes de mais nada, está se propondo a resolver um problema que não é só dela, é de outras pessoas. O empreendedor faz com que o mundo, a sociedade seja um lugar melhor.

Ou, pelo menos, melhor do que seria sem o trabalho desse empreendedor.

Empreender é isso: resolver problemas que vão além de si mesmo, impactando o coletivo e tornando o mundo um lugar melhor.

Se o seu trabalho não está resolvendo o problema de outras pessoas e não está contribuindo para o coletivo, por mais que você tenha um CNPJ o que você pratica não pode ser chamado de empreendedorismo.

Diante disso, às vezes podemos nos ver em uma crise existencial. Nos perguntamos o que devemos fazer, para que viemos ao mundo, qual nosso propósito, qual dor tentaremos resolver para cumprir o papel de empreendedor…

Antes de qualquer coisa, você deve pensar no que você é bom. Porque, uma vez que você encontrou um problema a ser resolvido você deve desejar ser a pessoa que o resolve da melhor forma possível.

Se você acredita que não é bom em nada, fique tranquilo. Uma das maiores capacidades do ser humano é a de se aprimorar e se tornar especialista em qualquer área.

Para isso acontecer, basta fazer muito daquilo no que você deseja se tornar bom.

Se eu quero me tornar a melhor jogadora de futebol, vou precisar jogar muito futebol. Se eu quiser me tornar a melhor vendedora, vou precisar fazer muitas.

É claro que talento e predisposição existem, mas as melhores pessoas de qualquer área terão sempre a mesma característica: elas fizeram muito daquela atividade para chegar onde chegaram.

No livro “O Poder do Hábito”, Charles Duhigg analisa pessoas bem-sucedidas em suas áreas e conclui que, para atingir a excelência, é necessário dedicar pelo menos 10 mil horas a uma atividade.

Então, se seu desejo é ser um vendedor especialista, você precisa de pelo menos 10 mil horas fazendo vendas. Se você quer ser um desenvolvedor especialista, você precisa de pelo menos 10 mil horas desenvolvendo.

Dito isso, só existe um único jeito de passar tantas horas fazendo alguma coisa: gostando muito de fazer aquilo.

Pense no que você mais gosta de fazer, qual atividade que você se imagina conseguindo facilmente dedicar pelo menos 10 mil horas ao longo de anos. Pode ser tocar um instrumento, fazer vendas, administrar ou lidar com pessoas, por exemplo.

Isso é um pouco contra intuitivo, porque fomos ensinados a buscar aquilo que nos dará dinheiro. Mas isso também te dará dinheiro.

Afinal, só gastando muitas horas você pode se tornar bom em algo, então que seja com o que gosta de fazer para se tornar um especialista e garantir que, em determinado momento, as pessoas estejam dispostas a te pagar para resolver alguma dor que só você seja capaz de resolver.

Além das suas habilidades, existe também todo o seu conhecimento adquirido ao longo da sua vida.

Não importa o quão pouco você acredite que saiba, existe uma vida única que foi vivida por você, na qual você colecionou experiências.

O conhecimento não é somente aquele que se aprende lendo ou estudando, o maior conhecimento do empreendedorismo é aquele que você adquiriu ao longo da vida.

Por fim, existem os seus gostos, o que te interessa.

Cada empreendedor é único porque ele é a combinação das suas habilidades, do seu conhecimento e dos seus gostos.

E com certeza, existem problemas e dores no mundo que ninguém vai resolver melhor do que você graças a esses três fatores.

Rodrigo é um exemplo claro disso. Ao fundar sua primeira empresa, a iBlackBelt, um sistema de gestão para academias de luta, resolveu um problema comum entre os donos dessas academias no Brasil: a dificuldade de controlar os pagamentos dos alunos.

Então, para resolver esse problema seria necessário alguém com duas características. Gostar muito de luta, entender a rotina da academia de luta e suas peculiaridades e entender também sobre tecnologia.

Rodrigo era, casualmente, a combinação dessas duas características. Fã de luta e fã de tecnologia, o que o fez, naquele momento, a melhor pessoa possível para resolver o problema que estava tentando resolver.

Se não fosse ele, ninguém mais poderia.

Você irá saber quando estiver no caminho certo no momento em que olhar para um problema e notar que se não for você ninguém irá resolvê-lo.

Hoje, na Soviero, temos uma missão diferente: levar novos empreendedores do zero até o primeiro cliente. Mais do que isso, nos propomos a resolver um problema que envolve tecnologia, conhecimento e a parte emocional da jornada empreendedora até o primeiro cliente.

Quando você está ciente das suas habilidades, do seu conhecimento e dos seus gostos é possível ter mais clareza dos problemas e dores que existem ao seu redor.

A partir de agora, converse com todas as pessoas que você tiver a oportunidade de conversar. Se interesse genuinamente pela vida delas, da parte pessoal a profissional e procure entender onde dói.

Uma pergunta muito boa de ser feita é: “Quando você perde o sono à noite por causa do trabalho, qual é o motivo?”

Só essa pergunta talvez já te traga várias oportunidades.

Outra pergunta é: “Se você saísse do seu trabalho durante uma semana sem contato nenhum com as pessoas que você trabalha, qual o primeiro problema que surgiria?”

O intuito de conversar com as pessoas é um só, fazer a pessoa expressar as dores e problemas que enfrenta no dia a dia.

Com as respostas, você deve se perguntar se esse problema é partilhado por mais pessoas e se a combinação das suas habilidades, seu conhecimento e gostos te tornam a melhor pessoa para resolvê-lo.

Talvez sim, talvez não.

O processo de solucionar problemas é contínuo. Não se trata de encontrar uma solução definitiva, mas sim de aprimorá-la constantemente.

Por fim, lembre-se sempre de que uma boa ideia é aquela que se propõe a resolver uma dor tão grande que as pessoas estejam dispostas a pagar por uma solução — garantia de um bom produto.

A oportunidade para um bom negócio nasce quando essa dor é também compartilhada por um número significativo de pessoas.

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