Empreendedorismo

O que fazer depois de largar tudo para empreender?

Transforme a incerteza em aprendizado e construa um negócio sólido a partir de testes e ajustes contínuos.

Alice Cereser 23 minutos de leitura

Transforme a incerteza em aprendizado e construa um negócio sólido a partir de testes e ajustes contínuos.

Imagine que você iniciou um negócio e largou a faculdade para dedicar mais tempo à sua empresa. Conseguiu alguns clientes, mas segue com seu trabalho formal na CLT que consome 8 horas do seu dia.

Então, resolve pedir demissão desse trabalho para ter mais tempo disponível para fazer seu negócio crescer.

No primeiro dia após pedir demissão, você acorda, toma banho, prepara seu café, senta-se à mesa do escritório, abre o computador e, olhando para a tela inicial do Windows, pensa:

“E aí? O que eu faço agora?”

Leia este artigo até o final que, te garanto, você vai entender como tomar decisões cruciais no empreendedorismo, mesmo quando as opções parecem infinitas.

O problema é esse: existem muitas opções do que fazer nesse momento.

Existe um fenômeno na psicologia conhecido como paralisia da análise, isto é, quanto mais opções a pessoa tem, menores as chances de que ela tome uma decisão.

O seu desafio no cenário que apresentei no início, é mais ou menos esse.

Com todas as horas do seu dia disponíveis para trabalhar na sua empresa, você precisaria decidir qual o próximo passo. O que fazer? No que focar?

Você poderia pensar em desenvolver uma nova funcionalidade para o produto. Mas que funcionalidade? Será que os clientes vão gostar? E se não?

Ou será que na verdade o foco agora deve ser no marketing, em criar conteúdo? Para qual rede social? Instagram? YouTube? Será que é preciso comprar uma câmera?

E dinheiro? Que tal procurar uma aceleradora de startups? Ou o melhor seria ir a eventos de tecnologia? Onde?

Fácilmente essas dúvidas podem passar pela sua cabeça — não só no primeiro dia de empreendedor full-time, mas todos os dias, por anos.

A dor de não saber escolher aparece, nesse caso, porque existem diversas alternativas igualmente promissoras sobre qual caminho seguir e, junto a elas, vem o medo de não escolher a alternativa certa.

Afinal, tomar uma decisão errada pode custar tempo e dinheiro. Imagina escolher uma alternativa para dedicar-se e, em seis meses, descobrir que estava se dedicando à pior delas.

Tomar decisões diárias sobre o rumo do negócio, sabendo que será necessário lidar com as consequências, é um dos desafios mais difíceis do empreendedorismo.

Pior ainda é tomar essas decisões com base em pouca ou nenhuma informação, sem ter certeza de nada.

No início da jornada empreendedora é natural ser constantemente bombardeado com informações novas.

Sem experiência e sem nenhum gabarito que diz exatamente o que precisa ser feito para alcançar o sucesso, é fácil ficar mudando de opinião a todo momento.

Isso acontece porque, desde o colégio até a faculdade, seguimos um caminho claro para o sucesso. Precisamos ir bem na prova, precisamos agradar o professor e, depois, em um trabalho convencional, o mesmo acontece.

Nos casos de empreendimentos mais tradicionais como restaurantes, consultórios e escritórios é possível, de certo modo, pautar as decisões do dia a dia sobre o que deve ser feito ou sobre o que deveria estar sendo feito, baseado em um caminho conhecido.

Isso não significa que seja mais fácil para essas pessoas, mas a ideia é que, nesses casos, existe um gabarito que define o que precisa ser feito para vencer.

Mas e quando montamos um novo negócio para resolver uma dor de maneira inédita, atendendo um grupo específico de pessoas ainda negligenciado?

Nesse caso não há benchmarking ou modelo existente em que é possível se basear.

Portanto, é preciso descobrir como fazer todas as coisas por conta própria.

Hoje, na Soviero, trabalhamos com duas empresas as quais ajudamos a sair do zero até o primeiro cliente. Uma delas tem a missão de empoderar médicos recém-formados com diagnósticos precisos, baseados em evidências, através de uma inteligência artificial.

A outra tem a missão de ajudar estudantes de concursos a serem aprovados, com um aplicativo que facilita e estimula a leitura de textos densos e muito longos.

Esses são dois exemplos de empresas e empreendedores que estão se propondo a desenvolver um negócio e ganhar dinheiro resolvendo problemas do mundo de um jeito que ainda não foi feito.

E como é possível lidar com o fato de que não há nenhum modelo, curso ou referência para se basear? Através de um processo.

Por mais que não haja nenhum gabarito para empreender dessa forma, há um gabarito para encontrar o seu gabarito.

É sobre adotar um processo para encontrar essas respostas, evitando que você cometa erros até, por sorte, descobrir o caminho certo.

Para esse processo funcionar, você precisa de duas coisas:

  • Um problema de verdade para resolver.
  • Paciência.

Com isso, as chances de você não conseguir criar uma empresa rentável cai para zero e o processo torna-se infalível.

Não importa o quanto você se dedique, invista e trabalhe em uma solução se ela for feita para um problema que não existe.

Diante de uma dor que as pessoas estejam dispostas a pagar pela solução, tudo o que você precisa é de paciência.

O processo para entender exatamente o que você deveria estar fazendo quando abre o computador toda manhã começa com a clareza de qual é, exatamente, o seu objetivo como CEO de uma startup na fase de concepção e idealização.

No início, o seu objetivo não deve ser criar um produto fantástico, nem conquistar o primeiro cliente. Isso será o resultado de você atingir o verdadeiro objetivo da sua empresa nessa etapa que é aprender.

Imagine que você continuará fazendo tudo o que se espera que um novo empreendedor faça no início da sua empresa: vender, criar um produto, etc.

Mas isso tudo estará otimizado para o seu único e exclusivo objetivo que é o de coletar novas informações sobre o problema que você está resolvendo, sobre pessoas que têm esse problema e sobre as melhores formas de resolvê-lo.

É exatamente aqui que muitos empreendedores falham. Ao tentar seguir um plano fixo, se esquecem de que startups não funcionam assim.

O importante nesse começo é aprender. Aprender o máximo que puder, o mais rápido que puder.

Uma das capacidades que separa os fundadores que alcançam o sucesso daqueles que não alcançam, é a capacidade de adaptação. Ou seja, ajustar e melhorar continuamente com base no que é aprendido.

Começar com hipóteses sobre aquilo que você acredita que pode vir a ser a solução para o problema que está tentando resolver vai permitir que você faça testes para entender, por exemplo, se as funcionalidades do seu produto fazem sentido.

É aí que entra a mentalidade do processo e a mentalidade de crescimento e aprendizado.

Para novos empreendedores alguém não gostar do seu produto é um completo fracasso, mas se você tiver claro que o seu objetivo não é vender, mas aprender, o fato de alguém não ter gostado é um sucesso. Se alguém disser que não gostou, você pode perguntar o motivo.

E, ao final, você vai saber exatamente porquê e o que deu errado, terminando o processo com mais informações do que tinha quando o iniciou.

Testar, entender o que deu e não deu certo, fazer ajustes, testar novamente…. Esse é o processo.

Esse é o processo. E o objetivo é único: aprender.

O que define um bom CEO?

Não é a capacidade dele de gerenciar, liderar ou programar.

Ele não é o melhor programador, não é o melhor líder, nem o melhor gestor, mas ele tem uma característica que faz dele a melhor pessoa para o seu trabalho: o quanto ele conhece a respeito do problema que a empresa está resolvendo e das pessoas que o têm.

O bom CEO conhece profundamente seus clientes e entende exatamente como seu produto melhora suas vidas.

Entenda o seu cliente, o seu nicho, o seu mercado e entenda a dor que você resolve melhor do que ninguém.

É isso que vai te levar ao sucesso.

Com paciência para aprender e coragem para tomar decisões com base nesse aprendizado, o restante virá.

As startups são, literalmente, sistemas de descoberta.

Ao abrir seu computador sem saber o que fazer, pergunte-se: “O que ainda preciso aprender para avançar?”.

Essa será sua melhor bússola.

O primeiro passo ele não precisa ser feito, só precisa ser dado.

Obrigada pelo tempo e disposição dedicados para ler o artigo até o final!

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