Como saber se a minha ideia pra um novo aplicativo, uma nova empresa, um novo produto ou serviço, vai dar certo?
Baseado no resultado dos produtos (aplicativos, sistemas, lojas, etc.) que a gente desenvolveu e ajudou a lançar nos últimos 5 anos, elaboramos um questionário de 3 perguntas a serem feitas para o cliente antes de começar um novo projeto.
As respostas vão nos indicar quais serão as chances de sucesso para o produto que o cliente quer criar, de acordo com a nossa experiência, e com os objetivos do próprio cliente.
Se a ideia for boa, o desenvolvimento começa. Mas, se a gente tiver razões suficientes para acreditar que o produto não vai ter sucesso, fazemos uma recomendação formal ao cliente para que não leve o projeto adiante.
Ao recomendar que o cliente não siga com o projeto, nós detalhamos os motivos que nos levaram a acreditar que a ideia vai dar errado, recomendando possíveis caminhos alternativos.
As vezes, no entanto, o único caminho alternativo que vale a pena ser considerado é aquele que descarta a ideia por completo.
Se a gente acredita que a ideia vai dar errado, não existe maneira possível de poupar o cliente da frustração de ver a sua ideia dando errado.
Conseguimos, no entanto, poupar o cliente da frustração de ter investido tempo, energia e dinheiro na construção um produto que jamais trará o retorno esperado.
Poderiamos escolher aceitar cegamente a todos os projetos, dando vida à qualquer ideia, boa ou ruim, nos contentando em entregar um produto perfeito dentro das especificações apresentadas pelo cliente.
Mas nenhum pagamento é grande o suficiente para compensar a frustração de um cliente que gastou dinheiro em vão para desenvolver uma ideia que falhou, sabendo que este dinheiro foi gasto com você.
Algumas coisas (como o sucesso ou o fracasso do seu cliente), podem não ser sua culpa, mas definitivamente são sua responsabilidade.
As perguntas que fazemos para todo cliente, antes de qualquer projeto, para saber se estamos diante de uma boa ideia (ou não) são as seguintes:
"Qual é a dor que o seu produto resolve?"
Os melhores produtos não nascem a partir de grandes ideias, eles nascem a partir de grandes dores.
A ideia para o Uber, por exemplo, que começou como um aplicativo de caronas, surgiu depois que os sócios não conseguiram pegar um táxi em uma noite de inverno quando estavam viajando.
A ideia para o AirBnb, por sua vez, nasceu quando os participantes de uma feira anual em São Francisco não tinham onde se hospedar, porque todos os hotéis da cidade estavam lotados.
É somente a partir de uma dor, clara e evidente, que podemos garantir que o produto que o nosso cliente pretende desenvolver será uma solução para algo que, de fato, precisa ser solucionado.
"Essa dor é grande o bastante, que as pessoas estejam dispostas a pagar pra se livrar dela?"
Se encontramos uma dor que podemos resolver, isso é um ótimo começo.
No entanto, é importante entender também se essa dor é grande a ponto de as pessoas estarem dispostas a pagar para que ela seja solucionada.
As vezes, por exemplo, você quer encontrar uma foto específica no celular, mas o album de fotos é uma grande bagunça, com fotos repetidas, prints aleatórios e selfies que a gente tirou e não gostou.
Uma dor óbvia, que todo mundo que tem, gostaria de não ter.
Mas que pouca gente estaria disposta a pagar para não ter.
Quando falamos em pagar, não estamos falando somente em dinheiro, até porque, existem produtos que a gente desenvolve no intuito de oferecer de graça.
Mas todo produto, mesmo os gratuitos, exige que o usuário pague também com o seu tempo.
Tempo sendo algo que as vezes vale mais do que o próprio dinheiro.
Quantas vezes você pagou para que não tivesse que gastar tempo com alguma tarefa? Trocando, literalmente, dinheiro por tempo.
Um bom produto vale tanto o nosso tempo, quanto o nosso dinheiro.
"Existe um número significativo de pessoas com essa dor?"
Mas não basta somente que estejamos diante de uma grande dor: é necessário também que essa dor seja compartilhada por um número significativo de pessoas.
Pois se não existem pessoas suficientes com essa grande dor, não teremos clientes suficientes para comprar o nosso produto.
Nem todo bom produto é um bom negócio.
Quando encontramos um nicho para o nosso produto, o que significa que ele é capaz de resolver uma dor comum a um grupo definido de pessoas, isso geralmente é um ótimo sinal.
O problema surge quando este grupo de pessoas acaba por ser muito pequeno.
Se eu quisesse abrir o primeiro restaurante vegetariano de uma cidade, para resolver a dor não conseguir comer fora de casa, das pessoas que não comem carne, seria importante entender quantas são essas pessoas.
Se não houverem vegetarianos suficientes, ou clientes em potencial, para constituir uma base grande o bastante para que o negócio seja lucrativo (ou pelo menos viável), não vale a pena.
Da mesma forma, um produto que resolve um problema que poucas pessoas tem, é um negócio com um número baixo de clientes em potencial.
O sucesso de um novo aplicativo, empresa, produto ou serviço não é fruto do acaso, mas sim do profundo entendimento das necessidades reais das pessoas.
Ao colocar em prática um questionário focado em identificar a existência de uma dor significativa, avaliar a disposição das pessoas em pagar para solucioná-la e quantificar o número de potenciais interessados, podemos traçar um caminho mais seguro em direção ao sucesso.
Entender que nem toda grande ideia se traduz em um grande negócio é crucial.
O compromisso em não apenas perseguir, mas validar a viabilidade e o potencial de mercado de uma ideia antes de desenvolvê-la, poupa recursos valiosos e evita desapontamentos.
Este processo não apenas refina a proposta de valor do que se pretende oferecer, mas também reforça a responsabilidade de orientar os clientes para decisões mais informadas e estratégicas.
Portanto, a chave para transformar uma ideia em um produto de sucesso reside na capacidade de combinar uma solução eficaz com uma demanda de mercado clara e substancial. Ao fazer isso, não apenas desenvolvemos soluções que as pessoas realmente querem e precisam, mas também construímos as bases para um negócio sustentável e lucrativo.
A jornada do empreendedorismo é repleta de desafios, mas com as ferramentas certas e uma abordagem estratégica, as chances de criar algo verdadeiramente valioso e bem-sucedido aumentam exponencialmente.
Paul Graham, diretor da Y-Combinator, uma das mais prestigiadas aceleradoras de startups (Dropbox, Airbnb, Uber, Stripe...) do mundo, disse uma vez em uma palestra:
"As ideias ruins geralmente parecem ideias boas,
e as ideias boas geralmente parecem ideais ruins..."
Graças à sua capacidade acima da média de separar ideias boas de ideias ruins, muitas vezes quando elas ainda estão no papel, que Paul Graham teve tanto sucesso como investidor e empresário.
Muita gente acredita que uma grande ideia é aquela que ainda ninguém teve, para algo diferente de tudo que já existe.
Mas nossa experiência nos mostra que se não existe nada parecido com a ideia que você teve, não significa você foi o primeiro a pensar nela.
Significa que essa ideia deu errado para todo mundo que tentou.
O iPhone representa perfeitamente uma verdadeira grande ideia.
Ele trouxe para a Apple mais de 1 trilhão de dólares em valor de mercado.
Mas o carro-chefe de uma das empresas mais valiosas do planeta estava longe de ser algo realmente único quando foi apresentado ao público.
Steve Jobs estabeleceu um padrão para tudo que envolve o design de um smartphone: da aparência, às funcionalidades, até a mesmo a forma como de como deve ser comercializado.
Mas ele não inventou o telefone celular.
Ao mesmo tempo que o iPhone seja um marco de inovação na história, ele jamais foi algo verdadeiramente e absolutamente único.
Assim como muitos outros produtos de sucesso, ele apresenteu nada mais que uma versão (muito) melhor de algo que já existia.
A Meta (Facebook) não começou com a ideia de ser um gigantesco conglomerado de redes socias, que teria como modelo de negócio a venda de anúncios pagos e produtos de realidade virtual.
A empresa começou com uma pequena rede social criada para quem era aluno de Harvard.
Na época que foi criada, da forma como foi criada, ela jamais apelaria para as grandes massas, que já tinham todos os seus amigos no MySpace.
Mas teve um grande apelo para os primeiros usuários que tinham interesse em saber mais sobre a vida pessoal de seus colegas de aula.
Quando chegou em outras universidades, apelou às pessoas que estavam desesperadas em fazer parte de um clube exclusivo à quem fazia parte das melhores universidades dos Estados Unidos.
Quando o iPhone foi anunciado como o primeiro celular sem teclado, ele não foi considerado uma ideia ruim.
Ele foi considerado uma ideia péssima.
Os especialistas e a grande mídia davam como certo o fracasso de um produto que ia totalmente na contramão daquilo que mais fazia sucesso no momento: os teclados gigantescos dos telefones BlackBerry.
Da mesma forma, a ideia para uma rede social restrita a um pequeno grupo de alunos em uma única universidade, jamais poderia ser considerado o início de algo verdadeiramente grandioso.
Ideias que pareciam ruins, mas eram boas.